domingo, 30 de dezembro de 2012

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Educação na Grécia Antiga



A EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ANTIGA



Considerações Iniciais
A civilização grega teve importante papel na Antiguidade e exerceu profunda influência na formação da cultura ocidental. A herança cultural deixada pelos gregos é vasta; abrange conhecimentos científicos, com Pitágoras, Tales, Euclides e outros, fundamentos filosóficos e políticos, com Sócrates, Platão, Aristóteles e herdamos também padrões de arte, beleza por meio da arquitetura, escultura e teatro.
Foi com os gregos que o problema da educação surgiu e é deles a ideia de que educação é a preparação para a cidadania. À eles devemos o primeiro esforço para assegurar o desenvolvimento intelectual da personalidade A periodização da  história da Grécia antiga assim se constitui: a) Civilização micênica: séculos XX a XII a.C.; b) Tempos homéricos: séculos XII a VIII a.C.; c)  Período arcaico: séculos VIII a VI a.C.; d) Período clássico: séculos V e IV a.C.; e) Período helenístico: séculos III e II a.C.
Delimitando, entretanto, o nosso tema, que é a educação na Grécia Antiga, consideramos a divisão da educação grega em antigo período e novo período. O antigo período grego divide-se em: 1º Idade Homérica e 2º Período Histórico que compreende a educação espartana e a educação ateniense primitiva.
A Idade Homérica, que faz parte do antigo período grego, é comumente conhecida como “Tempos Homéricos” devido ao fato de que nessa época teria vivido Homero, provável autor de Ilíada e Odisseia. É uma época situada no final da Idade do Bronze e início da Idade do Ferro quando predominava a concepção mítica do mundo. Os mitos gregos recebiam forma poética e eram transmitidos oralmente pelos cantores ambulantes, dentre eles Homero.
Falar da Grécia implica, inevitavelmente começar por Homero, "o educador de toda a Grécia" no dizer de Platão. O enfrentamento desse tema se dá através de uma breve análise sobre as epopeias Ilíada e Odisseia como locus enunciativo do qual serviu de base para o desenrolar de toda a história seguinte da educação.
Adiantamos, desde já, que Ilíada canta um episódio da guerra de Troia e Odisseia canta as aventuras do herói do poema,Ulisses, durantes seus dez anos de peregrinação ao retornar à Ilha de Ítaca após a Guerra de Tróia. Ambos os poemas inspiram profunda meditação sobre a condição humana.
Ainda no antigo período grego, destaca-se como se viu, o período histórico, quando a educação foi determinada pela instituição dominante – a cidade-estado, ou seja a polis. Essa instituição é originária da tribo e do Conselho do Período Homérico  e veio a fornecer os ideais e as bases da educação. A honra de pertencer à cidade-estado foi primeiramente limitada aos membros das famílias tradicionais dominantes da tribo, que na fase aristotélica eram as únicas que possuíam “riqueza e valor antigos”, privilégios esses que, por sua vez, envolviam muitos deveres. As cidades-estados surgiram por volta dos séculos VIII e VII a.C.
O período histórico considera os dois modelos de educação da Grécia Antiga: a espartana e a ateniense.  Esparta era considerada cidade militarizada e Atenas a iniciadora do movimento democrático. Segundo Franco Cambi (1999, p.82 apud ARANHA, 2011, p.63-64) "Esparta e Atenas deram vida a dois ideais de educação: um baseado no conformismo e no estatismo, outro na concepção de paideia, de formação humana livre e nutrida de experiências diversas, sociais mas também culturais e antropológicas".
Como se pode notar, a educação desenvolvida em Esparta era diferente dos preceitos educativos de Atenas. Contudo, os dois principais polos da educação grega têm sua origem nessas duas civilizações, que embora distintas, marcam o modelo de educação preconizado pela Grécia. Em determinado momento Atenas representa alguns valores que ainda hoje podemos perceber, em outros momentos é a educação de Esparta que se destaca.
Tratando da educação espartana, no antigo período grego, Paul Monroe (1979, p. 34) diz que "o objetivo da educação espartana era dar a cada indivíduo tamanha perfeição física, coragem e hábito de obediência completa às leis, que o tornassem o soldado ideal, insuperável em bravura; um soldado em que o individuo estivesse absorvido pelo cidadão". Essa caracterização trazida por Monroe acerca da educação de Esparta revela uma das maiores preocupações desse modelo educativo. Uma educação muito bem articulada em torno do preparo da formação integral do indivíduo.
Segundo esse autor, foi o mais bem sucedido dos planos extremos de educação por imposição. "O Estado espartano possuía uma estabilidade e um recorde de triunfos militares inigualáveis por qualquer outro Estado grego; o homem espartano era a bravura, o vigor, a tenacidade e o domínio de si mesmo, o que muitas vezes faltava aos outros gregos" (MONROE, 1979, p.34-35).
 Relativamente ao conteúdo, era predominantemente físico e moral, não atentando para o intelectual e estético Toda a educação do menino, ou melhor, sua vida, era pública.  Os espartanos estudavam  música, canto e dança coletiva, predominando as atividades lúdicas até os doze anos Passada essa fase, aumentava o rigor de aprendizagem, sendo a educação física verdadeiro treino militar
A educação ateniense no antigo período grego, por sua vez, pouco ou nada se identificava com a espartana.  Ainda segundo a concepção  ateniense de Estado  fez surgir  a figura do cidadão da pólis. Ao lado dos cuidados com a educação intelectual, para que melhor pudesse participar dos destinos da cidade. Com a ascensão da classe dos comerciantes, em oposição à  antiga aristocracia, impôs-se outra forma de exercício de poder e, portanto, uma nova educação. A educação ateniense trata-se de um tipo de formação integral,  a chamada paideia (ARANHA, 2011).
O novo período grego compreende, primeiro, o período de transição em ideias educacionais, religiosas e morais, durante e após a idade de Péricles, quando se desenvolveu o novo pensamento filosófico e foram formuladas as novas práticas educativas, e segundo, o período que se estende à conquista macedônica, ou seja, após o fim do século IV a.C, até a completa fusão da cultura grega com a romana.
O final do século IV a.C é marcado pela decadência da cidades-estados, chegando à perda total de autonomia, em decorrência das contínuas guerras entre si. Os macedônios, fortalecidos, iniciavam conquistas aos territórios gregos, culminando com a dominação sob o império de Alexandre, que assimilou os  novos valores da cultura cultura grega, dando origem ao helenismo.
O helenismo seria, então, a fusão da cultura grega com a oriental, produzindo uma nova forma de expressão (séculos III a.C ao século II a.C)
Manacorda (1989) sustenta que no período helenístico, a antiga paidéia torna-se enciclopédia, que significa literalmente “educação geral” e consiste na ampla gama de conhecimentos exigidos para a formação da pessoa culta. À medida que ampliavam os estudos teóricos, restringia-se o tempo dedicado aos exercícios físicos.
Importante destacar aqui, a cidade de Alexandria, fundada na foz do  rio Nilo, que foi um importante centro de estudos superiores, constituído por museus, escolas e bibliotecas. Por fim, o presente trabalho destaca a atuação dos sofistas, de Sócrates, Platão e Aristóteles, dedicando aos sofistas e a cada um desses pensadores/educadores algumas linhas sobre seus modos de ensinar 



1 Idade Homérica
1.1 O locus enunciativo da educação grega: Ilíada e Odisséia
Os primeiros registros da história da educação, ou melhor, os primeiros registros que dão base para a futura história de educação implicam o conhecimento da sociedade grega antiga, e por conseguinte o trabalho desempenhado por Homero. Essa concepção é plausível à medida em que se pensa a categoria de universalização da educação, isto é, desde os primeiros momentos da educação grega o princípio mantedor é o locus enunciativo da educação que implica um lugar a ser ocupado. Noutras palavras, há uma preocupação com a educação pelos gregos, qual é o lugar que o indivíduo deve ocupar em sociedade?
Essa preocupação relaciona-se com um objetivo, isto é, a educação grega baseava-se em princípios de formação do indivíduo. Nesse sentido é que podemos pensar a educação homérica, ou melhor, o período homérico da educação grega, pois é nessa etapa que está presente o fulcro da história da educação. Um fator bastante oportuno de destacar para fundamentar que esse período da educação grega abarca o cerne da história da educação subsequente é o surgimento gradual da polis e o domínio da escrita. Pode-se citar Jaeger (1986) quando diz que toda educação é resultado de uma consciência viva de uma norma que rege a comunidade humana.
À medida em que vai sendo instalada a polis e o domínio da escrita, algumas normas também vão surgindo afim de educar o indivíduo para se comportar de determinada maneira dentro dessa nova perspectiva comunitária. Tanto a polis quanto a escrita são fatores cruciais para a implementação de normas a serem seguidas e determinados objetivos a serem alcançados. Data-se portanto a Ilíada e a Odisseia de Homero como as obras mais antigas que são denominadas como documentos de literatura grega que assegura um tempo histórico significativo.
A grande importância então da epopeia homérica juntamente com a paideia é o manifesto da língua, das artes e da fé religiosa pautada do politeísmo. Faz-se necessário uma observação neste ponto do trabalho - a paideia será detalhada com maior afinco nas páginas seguintes, o objetivo dessa primeira parte é mostrar como a Ilíada e a Odisseia marcam um locus enunciativo do qual serviu de base para o desenrolar de toda a história seguinte da educação.
Quando apresenta-se um locus enunciativo deve-se pensar o lugar de onde se fala, para tanto precisa-se contextualizar o momento histórico para se ter uma noção mais plausível da atuação da figura de Homero da educação grega. A literatura grega tem seu marco inicial na Ilha de Creta, nesse período houve a fusão entre os valores gregos com as tradições das várias regiões conquistadas, principalmente a asiática e consequentemente marca-se o período em que há um grande avanço da cultura grega por meio da arte em geral. Todo esse contexto de exploração e conquistas, viagens e dominações, avanço da cultura e o apogeu das artes estimularam a literatura que surge concomitantemente ao domínio da filologia e a crítica literária.
Essa etapa marca um posicionamento tomado pela Grécia como uma potente cultura. No entanto, seu regime de dominação entra em declínio quando há a invasão da Ilha de Creta e como afirma Brandão (1997) é o período denominado "Idade das Trevas da Grécia" marcado pelo retrocesso tanto cultural, como social e econômico. De modo muito breve foi mencionado duas facetas da sociedade grega, o primeiro como o momento de instauração de seu poder social e cultural que fundou uma maneira de viver, e num segundo momento a crise desse império, mas o que isso significa de fato?
Homero está situado exatamente nesse processo de transformação da sociedade grega, e é nesse cenário de conflito e contradição que Ilíada e Odisseia ganham vigor, pois resgatam a base da educação e dos princípios do pensamento grego. Logo, a construção tanto da Ilíada e da Odisseia trazem consigo um passado que era contado e rememorado, era um resgate que incitava a preservação de valores tradicionais que são validados com a escrita e passam a desempenhar um papel altamente pedagógico no reestabelecimento da sociedade grega.
Antes da Ilíada e da Odisseia há a tradição da poesia oral, a oratura (literatura oral) como chamam os críticos, que eram recitadas e transmitidas pelos bardos profissionais. Contudo, quando Homero lavra toda essa fortuna cultural em texto escrito, isso se torna um documento, um registro, e agora torna-se um instrumento que não corre o risco de se perder, de alterar e assim marca o resgate da tradição grega.
A composição de Ilíada e Odisseia representa um alto teor literário que além que fornecer elementos basilares para a formação e educação do cidadão, influenciam na composição da literatura no mundo. A Ilíada e a Odisseia são os textos de base da paideia grega. Nas epopeias homéricas encontram-se personagens que exprimem a bravura, honestidade, sabedoria e um elevado senso de justiça. Aquiles, Ulisses e Heitor são exemplos desses modelos, pois se tornaram heróis modulares para os gregos que deveriam buscá-los como exemplo. O homem grego aprende desde muito cedo a respeitar os seus deuses e a crer em determinados valores. Esse modelo educativo que recorria a essas histórias, ainda que fantásticas e ficcionais, objetivavam a formação de um cidadão ético, justo e sábio, portanto, a formação de homem aristocrata. Os heróis encontrados na Ilíada e na Odisseia incorporam as características fundamentais de ser humano da época. Justamente por prescrever regras e determinados modos de viver é que os textos homéricos tornam-se fenômenos estruturadores da cultura grega, fixando-se como o núcleo da educação daquela sociedade.
É interessante registrar aqui como a Ilíada e a Odisseia funcionam para Jaeger (1986, p.40) na sua obra Paideia: a formação do homem grego. A primeira obra nos apresenta o estado absoluto de guerra, tal como devia ser no tempo das grandes migrações das tribos gregas. A Ilíada representa um tempo onde os valores ideais estavam centrados na coragem e na honra, incluindo sempre a força bruta. Já a Odisseia percebe-se um tempo de paz, retrata o pai e marido que precisa voltar a sua pátria e reassumir o seu papel na família e na sociedade.
Pode-se concluir que Homero apesar de suas diferenças estruturais na Ilíada e na Odisseia, formou o ideal pedagógico da Grécia. Esse que influiu em todo o pensamento ocidental e perpetuou até a contemporaneidade. O modelo criado por esse poeta foi usado para educar milhares de gregos ao longo dos séculos e até hoje os heróis presentes nos mitos são buscados quando se precisa de um exemplo de homem completo, verdadeiro, possuidor de todas as características que compõe o homem perfeito, ideal.

2 Período Histórico
 2.1 Educação espartana
Esparta tem um lugar privilegiado na história da educação, pois como se pode observar é uma educação cavalheiresca e homérica, é uma cidade eminentemente militar e aristocrata. Esparta é vista como uma cidade conservadora por excelência mantendo com férrea obstinação os velhos costumes já em desuso em outras partes da Grécia. Sabendo-se que as fontes que descreve a educação espartana são tardias, podemos citar Xenofronte e Platão  que representam a faceta racionalista de Esparta.
Nos séculos VIII-VI a. C. encontramos uma Esparta que se torna um Estado Guerreiro, um imenso poder militar tornando-se um dos estados mais vastos da Grécia. É bom citar que a educação dos jovens do sexo masculino já era voltada para educação militar e desde pequenos aprendiam os ofícios das armas. Sendo assim, a educação espartana passa a se tornar uma educação de soldado não mais de um cavalheiro.
Contudo, a educação espartana mantém seu caráter de mudança. Após uma educação militarista e a educação baseada no cavalheirismo, surge então a prática dos esportes hípicos e atléticos. Tal educação tinha o caráter de ostentação dos Jogos Olímpicos para poder avaliar o lugar de honra que se asseguravam os campeões. A primeira vitória espartana foi na 15ª Olimpíada Esparta, na ocasião tiveram quarenta e seis vencedores espartanos entre os oitenta e um vencedores olímpicos e vinte e um espartanos entre os trinta em seis vencedores da prova conhecida como corrida de pé. O grande sucesso de Esparta se deve às qualidades físicas dos atletas e ao método de seus técnicos para quem o esporte não era apenas uma modalidade masculina, mas as mulheres também podiam participar.
A cultura espartana não era somente física, Esparta não deixava de lado as artes,o elemento intelectual era representado também pela música passando pelos seus diversos aspectos, pela dança e até mesmo a ginástica. Espata enquadra-se nas manifestações coletivas que são instituições do Estado, ou seja, as grandes manifestações religiosas. Os sacrifícios aos deuses protetores da cidade serviam de pretexto à procissão solene.
Tempos depois Esparta deixa de lado as artes, os esportes atléticos e se torna totalmente militarista. A partir desse momento há uma cidade de guerreiros, organizada totalmente em função a necessidade do Estado.
As crianças são interesse antes mesmo de ter nascido, as crianças nascidas belas, robustas e bem formadas são aceitas, já as raquíticas e disformes são mortas. Até os sete anos as crianças ficam sob o cuidado da família. Ao se completar os sete anos o estado convoca as crianças que devem servir ao estado até a sua morte. Dos sete aos vinte e um anos tem uma formação voltada para o militarismo. Aos vinte e um anos passando por toda sua formação e pelos três ciclos que são lobinho, escoteiro, pioneiro e depois eram divididos em tropas.
Mas esta educação do soldado atribui tanta importância à preparação moral quanto à preparação técnica. A educação espartana é voltada totalmente para formação do caráter, tudo é sacrificado à salvação e ao interesse da comunidade nacional, uma característica eminentemente da formação masculina. Por outro lado, a educação das meninas era voltada para o canto e a dança, no entanto, era primordial que as meninas fossem preparadas para ser mãe e fecundar filhos virtuosos.
Esparta era uma cidade de grandezas, bela e justa e dava valor aos moços e à harmonia de suas musas. Contudo, Esparta se declinou e acabou entrando num processo de amadurecimento muito precoce, ela se tornou primordialmente num regime militarista ao qual acabamos que estudar.

2.2 Educação Ateniense: a contribuição dos sofistas na formação educacional na Grécia
A educação ateniense, totalmente oposta da educação espartana, se dedica à formação do bom cidadão. Desde muito cedo a criança recebe uma educação intelectualizada, pois em Atenas o bom cidadão é aquele que contribui para a questão da formação política e participa racional e conscientemente dela. O Estado em Atenas, ao contrário de Esparta que monopoliza a educação, fica longe do processo educacional.
Devemos lembrar também que era lei os pais escolherem os professores que iriam dar aulas para seus filhos, estes até os sete anos, eram educados em casa com a convivência dos pais. Os alunos recebiam uma educação inicial composta de música e alfabetização privilegiando artes, literatura e principalmente a política. A partir dos trezes anos, os mais ricos começavam a ser educados em grandes ginásios, locais nos quais os meninos eram reunidos para estudar, entre outras áreas a matemática e a filosofia. No ginásio também recebiam educação cívica e educação física.
 Para os menos abastados, a idade de treze anos marca o início do aprendizado de uma profissão. Dos dezesseis aos dezoito anos os jovens atenienses recebiam treinamento militar mais livre do cuidado do pedagogo convivendo com jovens da sua idade e com adultos.  Após o final do treinamento a elite continuava seus estudos nas academias como a de Platão e refinavam ainda mais seus conhecimentos em filosofia, oratória e política contribuindo para a formação do cidadão politizado.
Os sofistas surgem na passagem da tirania e da oligarquia para a democracia na segunda etapa do século V a.C. num ambiente de intenso cosmopolitismo. Os homens de letras, artes e ciências provenientes de várias regiões vinham a Atenas e permaneciam em intensa troca de saberes numa profícua circulação de ideias. Poetas, pintores, escultores, arquitetos, cientistas, filósofos, advogados, políticos, etc., reuniam-se e trocavam impressões entre eles e com a comunidade ateniense.
Os sofistas são mestres de retórica e oratória que percorrem as cidades-estados fornecendo seus ensinamentos, suas técnicas e suas habilidades aos governantes e aos políticos em geral. Foram portanto filósofos e educadores que contribuíram muito ao desenvolvimento dos estudos da linguagem na tradição cultural grega. A preocupação maior dos sofistas era resolver o problema da formação do homem político que estava em voga no momento.
Com a cultura grega impulsionada pelas transformações sociais e econômicas sofrendo mudanças, surgem novos grupos sociais ligados ao comércio. Tais grupos reclamam uma maior participação na vida política da Grécia, ao lado disso, surge uma cultura mais crítica em relação ao saber religioso e mítico que exalta a razão pessoal de cada indivíduo e é capaz de submeter à análise qualquer crença ou tradição.
Para transmitir essa nova cultura nasce um novo ideal de educação na Grécia conhecido como Paidéia. Essa nova visão busca a formação do homem em suas várias esferas (social, política, cultural e educativa), ou seja, é uma educação de maior abrangência que considera o homem como um ser racional. Essa educação confere ao homem uma identidade cultural e histórica.
Os sofistas aparecem como uma nova estirpe de educadores que se apresentam como professores e que oferecem, a troco de dinheiro, o ensino da virtude e da areté política. Estes transformaram a educação em uma arte ou técnica na qual são mestres capazes de ensinar aos seus alunos todo o conhecimento que necessitam. Essa educação abrange a formação de homens de Estado e de dirigentes da vida pública.  Para que esses homens atingissem êxito político eles precisavam falar bem, construir discursos persuasivos e ter bons argumentos que justificassem suas posições. Era preciso dominar a arte sofística da oratória, da retórica e da dialética.
Dentro desse contexto de educação, os sofistas foram acusados de ensinar uma educação imoral e que corrompia a juventude, posto que esta educação desconsiderava os valores tradicionais: verdade, justiça, virtude, retidão, etc. Esses mestres têm como preceito equipar o espírito do cidadão para a carreira de homem político, segundo eles o homem precisava necessariamente amar a política para depois ir à luta. Deveriam ter uma personalidade forte para se impor como chefe e estar bem preparado para participar da política.
A educação sofística contempla educadores capazes de elaborar uma nova técnica, um ensino mais completo, mais ambicioso e mais eficiente do que aqueles que os precedem. Eram pedagogos, ou seja, não pertencem rigorosamente à história da filosofia ou à das ciências, mas eram “Educadores de Homens”, definição segundo Platão.
Os métodos usados pelos sofistas eram próximos dos das origens. Havia um orientador, no caso, um mestre e em torno deste um grupo de jovens que lhe são confiados para que sejam formados no período de três a quatro anos. Protágoras, o mais importante e influente dos sofistas e também o primeiro a propor um ensino comercializado, pedia a quantia de dez mil dracmas, que representava o salário de um trabalhador bem qualificado. Protágoras precisamente queria tornar seus alunos bons cidadãos capazes de bem conduzir a própria casa e de terem eficácia nos negócios do Estado. Sua ambição, portanto, era a de ensinar-lhes a arte da política.
 A sabedoria, o valor que ele e seus pares proporcionam é de caráter utilitário e pragmático, ou seja, não perde tempo especulando sobre a natureza do mundo e a natureza dos deuses, para ele, se existem ou deixam de existir não importa, a vida é a principal preocupação. A vida deve ser bem aproveitada, principalmente na política, possuir a verdade menos importa que lograr o povo em cima de teses que pareçam com a verdade.
O aspecto da formação sofística era ensinar os seus alunos a vencer em todas as discussões possíveis, e para que isso aconteça utiliza-se de métodos oratórios que visa a confundir o adversário tomando as concessões por ele feitas como hipóteses de partida. Outro aspecto de sua pedagogia é a arte da persuasão, a retórica. Esta deveria ser aplicada principalmente à vida política e seu ensino, desenvolvido desde o tempo de Górgias, pronunciava um discurso modelo e em seguida os alunos eram convidados a imitá-los.
Os aprendizes se dedicavam muito, pois para os mestres, o verdadeiro sofista era aquele capaz de falar sobre qualquer coisa e afrontar quem quer que seja em qualquer assunto. Para isso eles usavam uma estratégia de redução, simplificação. Segundo eles todos os assuntos amplificados poderiam ser reduzidos a ideias simples como o justo e o injusto, a justiça natural e as leis convencionais.
Os sofistas contribuíram com muitas inovações introduzidas na educação grega, abrindo muitas vias divergentes, porém seu extremo utilitarismo os impediram de aplicarem-se mais a fundo em outras áreas do conhecimento. Em suma, um dos traços mais constantes e mais nobres do gênio grego para os sofistas era totalmente ao contrário do pensamento grego anterior. Convém portanto que a criança ou adolescente estude não para tornar-se um técnico como antes, mas para educar-se apenas.

3 Novo período grego
3.1 Sócrates

3.2 Platão

Platão nasceu por volta de 427 a.C. em uma família aristocrática de Atenas. Quando tinha cerca de 20 anos, aproximou-se de Sócrates, por quem tinha grande admiração. Como a maioria dos jovens de sua classe, quis entrar na política. Contudo, a oligarquia e a democracia lhe desagradaram. Com a condenação de Sócrates à morte, Platão decidiu se afastar de Atenas e saiu em viagem pelo mundo. De volta a Atenas, com cerca de 40 anos, Platão fundou a Academia, um instituto de educação e pesquisa filosófica e científica que rapidamente ganhou prestígio. Platão morreu por volta de 347 a.C. Já era um homem admirado em toda Atenas.
Platão foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo.

3.2.1 O método de ensino no estado ideal de Platão

É através de duas obras, A República e As Leis, que Platão descreve como pensava como deveria ser a educação. Na sociedade que Platão idealizou existem três classes: a classe dos artífices e comerciantes, cuja virtude é a temperança; a classe dos guerreiros, cuja virtude é a coragem e a classe dos filósofos cuja virtude é a sabedoria. Se a classe dos filósofos governar, se a classe dos guerreiros se encarregar da defesa e a classe dos artífices e comerciantes  mantiver as duas outras classes, existirá harmonia e equilíbrio e a justiça poderá ser alcançada.
Na República e nas Leis, para além de desenhar o seu estado ideal, Platão  também define o sistema educacional que o manterá, apresentando assim as suas ideias sobre a educação, o valor da poesia e da música, a utilidade das ciências, da filosofia e do filósofo.
Platão começa por defender uma sólida formação básica que evolui até elevados estudos filosóficos, considerando que só indivíduos especialmente dotados poderiam chegar à filosofia. Para se chegar a este nível de educação é necessário passar por um nível de formação básica, à qual terá dado o nome de educação preparatória. Esta terá por função desenvolver de forma harmoniosa o espírito e o corpo.
Segundo Platão, Atenas negligenciava a educação da juventude, desinteressava-se e deixava-a nas mãos dos particulares. O estado deveria preocupar com a formação daqueles que seriam os futuros cidadãos.Para ele, a educação deveria tornar-se algo público, os mestres deveriam ser escolhidos pela cidade e controlados por magistrados especiais. Platão defendia ainda que a educação deveria ser igual para rapazes e raparigas, mas só até aos seis anos. A partir desta idade teriam mestres e classes diferentes.
Platão defendia que o ensino deveria durar 50 anos.
Nos primeiros anos de vida, dos 3 aos 6 anos, as crianças deveriam participar em jogos educativos, em jardins especialmente concebidos para elas e sob atenta vigilância.
No entanto, para Platão, como para todos os gregos, a educação propriamente dita, só começaria aos 7 anos.
Como formação inicial, Platão conservou a antiga Paideia grega, escolha que se revestiu de enorme importância para o desenvolvimento da tradição clássica, permitindo a sua continuidade e o seu enriquecimento com a cultura filosófica.
A educação antiga da Grécia, era constituída por duas partes:
gymnastiké (ginástica) para o corpo e mousiké para alma. Em relação à ginástica, Platão recrimina a função de competição que lhe fora atribuída ao longo dos tempos. Segundo ele, a ginástica deveria regressar à sua forma original, incidindo exclusivamente em exercícios de caráter militar, desempenhados tanto por rapazes como pelas moças, preparando-os para o combate.
O seu  programa de jogos incluía a luta, as corridas a pé, os combates de esgrima, os combates de infantaria pesada e de infantaria leve, o arremesso de flecha com arco, a funda, marcha e manobras tácticas, a prática do acampamento e a caça.
Esta preparação militar deveria ocorrer nos ginásios e nos estádios  públicos, sob a direção de monitores profissionais cujos honorários seriam pagos pelo Estado.
A ginástica seria iniciada neste nível mais elementar e continuaria até à idade adulta. A sua finalidade não era alcançar a força física de um atleta, mas contribuir para a formação do carácter e da personalidade. Platão considerava que os homens que se dedicavam exclusivamente à ginástica, acabavam por se tornar insensíveis à cultura e eram pouco mais do que selvagens.
            Ainda em relação à ginástica, refira-se que Platão inclui nela todo o domínio da higiene, as indicações em relação ao regime de vida e especialmente ao regime alimentar, assunto intensamente tratado na literatura médica do tempo.
À ginástica Platão acrescentava ainda a dança, insistindo bastante na sua prática e ensino, pois considerava-a um meio de disciplinar a espontaneidade dos jovens, contribuindo para a disciplina moral.
No ciclo entre os 10 e os 13 anos, a criança deveria aprender a ler e a escrever, iniciando em seguida o estudo dos autores clássicos, integralmente ou em antologias. Para além dos poetas, Platão defende também o estudo de autores em prosa.
Platão criticava o ensino dos poetas Homero, pois considerava que os mitos pervertiam a criança e não lhe ensinavam a virtude. Assim, para ele, as obras de poetas como Homero e Hesíodo davam uma ideia maliciosa das divindades.
No período dos 13 aos 16 anos, a música ocupa um lugar de distinção. Para Platão a pessoa retamente educada pela música, pelo fato de a assimilar espiritualmente, sente desabrochar dentro de si, desde a sua mocidade e numa fase ainda recuada do seu desenvolvimento, uma certeza infalível de satisfação pelo belo e de repugnância pelo feio, a qual o habilita mais tarde a saudar alegremente, como algo que lhe é afim, o conhecimento da verdade, quanto ele se apresentar.
A música contribui, assim, para a formação harmoniosa da alma. Segundo Platão, ela  não abrange apenas o que se refere ao tom e ao ritmo, mas também, e até em primeiro lugar, a palavra falada, o logos.
 O estudo das matemáticas foi sempre reservado a um grau superior do ensino. Para Platão, no entanto, as matemáticas deveriam encontrar o seu lugar em todos os níveis, começando pelo mais elementar, sendo aprofundada a partir dos 16 anos e prolongada nos estudos superiores.
 Esta inovação de Platão inspira-se provavelmente nas práticas egípcias a que a ele teve acesso. Assim, à aritmética, acrescentou a prática dos exercícios de cálculo ligados a problemas concretos da vida e dos negócios. Estes primeiros exercícios possuíam já uma virtude formadora, sendo seu objetivo a aplicação da matemática à vida prática, à arte militar, ao comércio, à agricultura e à navegação.
Para além da geometria, a que dava a maior importância, Platão defende também o ensino uma ciência totalmente nova.  Prevê o estudo da astronomia que deveria permitir adquirir os conhecimentos mínimos para o uso do calendário. Segundo  Platão, são precisamente as matemáticas que servem como meio de pôr à prova os espíritos mais aptos a tornarem-se um dia dignos da filosofia. Ao mesmo tempo que selecionam os futuros filósofos, formam-nos e preparam-nos para os seus futuros trabalhos.
Aos 17 e aos 18 anos os estudos intelectuais interrompem-se por dois ou três anos porque aos jovens era imposto o serviço militar.
Neste período, segundo Platão, a fadiga e o sono impedem qualquer estudo.
Aos 20 anos realiza-se uma seleção por meio da qual os menos dotados eram destinados ao exército; numa segunda seleção, levada a efeito mais tarde, a maioria dos jovens era encaminhada para diversas profissões e ofícios civis e só os mais dotados iniciariam os estudos superiores, mas não diretamente para a filosofia. Durante ainda 10 anos, continuam o estudo das ciências, mas agora a um nível superior.
O programa é a aritmética, a astronomia e a música, a geometria.
 Todas estas ciências devem eliminar qualquer experiência prática tornando-se totalmente racionais, por exemplo, a astronomia deve ser uma ciência matemática e não uma ciência da observação.
As matemáticas são o instrumento da formação dos filósofos, que através dos problemas elementares de cálculo, devem ser encaminhados para um grau superior de abstração. Platão diz que as matemáticas não devem preencher a memória com conhecimentos úteis, mas formar um espírito capaz de receber a verdade inteligível. 
 É interessante verificar que Platão não esquece o papel da educação literária, artística e física na personalidade e na harmonia do todo, mas este papel não tem comparação com o desempenho pela matemática na iniciação da cultura que leva à busca da verdade.
Somente aos 30 anos, no fim de um ciclo de matemáticas transcendentes e depois de um última seleção, se inicia o método propriamente filosófico, a dialética, discussão do problema do bem e do mal, do justo e do injusto, caminho para o conhecimento e a verdade.
Passados cinco anos os estudantes estarão na plena posse deste instrumento, o único que conduz à verdade. Os que chegarem a esta fase devem ser capazes de ultrapassar a percepção dos sentidos e penetrar o próprio Ser.
Durante quinze anos ainda, o homem já assim formado deve adquirir experiência participando na vida ativa da cidade.
Aos cinquenta anos, estará completa a sua educação, se tiver sobrevivido e superado todas as provas. Ele reconhecerá a possibilidade de atingir a meta suprema que é a ideia do Bem. Poderá então exercer um cargo na direção do estado, não como uma honra mas como um dever.       
Este plano de Platão, que abarca a vida inteira, tem unicamente como objetivo formar um pequeno grupo de governantes - filósofos, aptos a tomar as rédeas do governo para o bem do estado.




Em suma, todo o sistema educativo de Platão se baseia  na procura da Verdade cuja posse definirá o verdadeiro filósofo e também o verdadeiro político. O curso de estudos, para Platão deveria ser de cinco períodos:
1º- dos 3 aos 6 anos:
Prática do pentatlo (Nome coletivo de cinco exercícios que constituíam os jogos da Grécia, em que entravam os atletas: salto, carreira, luta, pugilato e disco. Dança e música para ambos os sexos).

2º- dos 7 aos 13 anos:
Introdução paulatina da cultura intelectual e acentuação dos exercícios físicos. A partir dos 10 anos, aprendizagem da leitura e escrita e cálculo por processos práticos. Afasta-se assim dos costumes atenienses que começavam a educação intelectual antes dos 10anos.

3º- dos 13 aos 16 anos:
Período da educação musical. O programa é dividido em duas secções: uma literária, compreendendo gramática e aritmética; outra musical, compreendendo poesia e música. Ensina-se a tocar a cítara e prefere-se a música dórica, enérgica e viril.

4º- dos 17 aos 20 anos:
Período da educação militar. Os jovens deverão adquirir resistência e uma saúde a toda a prova. Será preciso harmonizar a música à ginástica, faziam-se os homens ferozes. Somente com a música, produzir-se-iam os afeminados.

5º- dos 21 anos em diante:
Apenas os jovens mais capazes devem continuar a educação já com caráter superior e baseada nas Matemáticas e Filosofia. Entre eles, selecionam-se os futuros governantes, prosseguindo sua educação até os 50 anos.

Essa educação pode ser distribuída da seguinte forma:
· Dos 21 aos 30 anos: estuda-se com profundidade: aritmética, geometria e astronomia.
· Dos 31 aos 35 anos: predomínio da formação filosófica e dialética, sem prejuízo dos estudos matemáticos.
· Dos 35 aos 50 anos: O magistrado será incumbido de uma função pública e empregará os seus talentos para a prosperidade do Estado. Ninguém será admitido ao governo, antes dos 50 anos de idade.
Fonte: Mário Ferrari

3.3 Aristóteles

Aristóteles (384-322 a. c.) filósofo grego filho de Nicômaco, médico de Amintas, rei da Macedônia, nasceu em Estagira, colônia grega da Trácia no litoral setentrional do mar Egeu em 384 a.C. Aos dezoito anos, em 367, foi para Atenas e ingressou na academia platônica onde ficou por vinte anos até a morte do Mestre. Nesse período estudou também os filósofos pré-platônicos que lhe foram úteis na construção do seu grande sistema. Em 343 a. C. foi chamado por Felipe II, da Macedônia, para educar seu filho, Alexandre, e permaneceu na função durante vários anos. De volta a Atenas, Aristóteles fundou a própria escola, o Liceu, desenvolvendo uma obra antiplatônica.
O filósofo valorizava a inteligência humana como única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia,  metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho didático principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das formas de crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon, que reúne grande parte de seus pensamentos.
Aristóteles passou a ser perseguido por ter colaborado na educação do imperador macedônio. Refugiou-se em Cálcis, onde morreu em 322 a. C.  Entre os teóricos gregos da educação, Aristóteles foi o que maior influência exerceu sobre as épocas posteriores, pela amplidão de interesse e multiplicidade de ati­vidade que ele se dedicava, antecipou os tempos modernos e é considerado globalmente o homem mais culto de todos os tempos.

3.3.1 Formulação do ideal educacional

Para Sócrates e Platão o conhecimento era o traço que unia o interesse individual e o bem-estar social, por isso constituía a finalidade da educação; já para Aristóteles, essa finalidade era felicidade ou o bem. Para os primeiros, a posse do conhecimento pelo indivíduo constituía a virtude. Para o último, a virtude estava na conquista da felicidade ou do bem.
A virtude, não consistia no conhecimento, mas num estado da vontade. Ora, um estado da vontade não é tanto uma condi­ção quanto um processo; por isso, o bem, o mais alto fim atin­gível pelo homem, não é uma condição, mas uma atividade.
Para Platão a realidade consistia em ideias, em pensa­mento puro, a mais elevada aquisição possível para um indi­víduo era o conhecimento. Já para Aristóteles, a realidade consistia na realização pelo objeto, pela entidade ou pelo fato, do seu próprio fim, isto é, de sua mais alta e adequada função. Por isso, a realidade é atividade ou realização de função, ou um "processo", quer seja de um fenômeno da natureza (físico) ou do homem (social).
O bem para o homem está no funcionamento da parte mais elevada da natureza humana, isto é, a razão. A função da ra­zão é reger a conduta. Consequentemente há duas espécies de bem, o "bem do intelecto" e o "bem do caráter".
O bem do intelecto é produzido e ampliado pelo ensino e é o produto de ex­periência e tempo, já o bem do caráter é o resultado do hábito. Como a natureza não dá nem priva ninguém do bem do cará­ter, todo homem pode alcançar esse bem pela formação de hábi­tos corretos. O bem, na sua integridade, resume-se, pois, em bem ser e bem fazer. O bem ser é o bem do intelecto, ligado intimamente à posse da verdade universal da escola platônica e proporciona o desenvolvimento e o bem-estar do indivíduo. O bem fazer é o bem da ação adquirido através do hábito, e representa o aspecto social do ideal aristotélico.
 A virtude não consiste no simples conhecimento do bem, mas no funciona­mento desse conhecimento, de ideias ou princípios. Nesse sen­tido, Aristóteles, considerava o "bem" como uma forma de eficiência ou excelência, como uma superioridade de conduta mais do que um estado mental.
A felicidade é o resultado de tal atividade, de tal funcionamento de ideias, na vida social. Por tanto, a suprema excelência do homem, o seu bem, consiste no funcionamento em sua vida social das ideias ou princípios de conduta de validez universal. Apresenta assim, Aristóteles, a mais perfeita solução conseguida pelos gregos, do problema da vida e do problema da finalidade da educação.

3.3.2 O método da educação

 Em síntese, o resumo de Aristóteles é objetivo e científico em oposição ao método filosófico e introspectivo de Platão. Platão procura a verdade na visão da razão, e a confirmação dessa verdade na consciência do homem. Aristóteles procura a verdade nos fatos objetivos da natureza e da vida social, tanto quanto na alma do homem, e busca a confirmação primariamente na consciência histórica da espécie.
Para Aristóteles o método dialético de Platão, que procura a verdade na pura especulação, alcançava apenas verdades de valor formal; ele, ao contrário, procurava a verdade na experiência da espécie, aperfeiçoando desta forma o método indu­tivo, o qual aplicava tanto objetiva como subjetivamente. A dialética socrática tinha sido aplicada apenas ao mundo de pen­samento. Aristóteles, antes de qualquer outro filósofo, procurou o sentido dos termos e dos fatos na consciência da humanidade, Depois procurou a confirmação pelo processo introspectivo. Os métodos indutivo e dedutivo já existiam anteriormente e a história deles, como modos de raciocínio, se confunde com a história da espécie humana. Mas com Aristóteles eles se tornam processos conscientes. Foi ele o primeiro a formular a lógica de cada um desses métodos.
Aristóteles usou método- indutivo, não só mais amplamente do que qualquer outro homem anterior há seu tempo, mas tam­bém mais amplamente do que qualquer homem em épocas subsequentes. Aristóteles representa a culminância da vida intelectual grega, visto que, na formulação de seu sistema filosófico, aplicou o método indutivo a todos os sistemas anteriores do pensamento grego; e é considerado o pai da ciência moderna por ter aplicado tal método a campos completamente novos investigação.
Como Aristóteles concebia a organização da educação vem formulada em sua obra A Política. Como no caso de Platão, o sistema da educação forma uma parte componente do sistema do Estado.
Mais uma vez Aristóteles antecede os tempos modernos, pois somente 2.000 anos mais tarde, é que a educação voltaria novamente a ser considerada como uma função do Estado e tratada como uma parte da política.
O plano defendido por Aristóteles é composto de elementos aproveitados principalmente da educação ateniense e é similar em muitos aspectos ao de Platão. A criança até 6 anos seria educada pelos pais. Após esse período deveria ser controlada pelo governo, mas ao mesmo tempo os pais seriam também responsáveis pela educação moral. 
A educação do ginásio teria por objetivo desenvolver bons e dirigir as paixões e apetites; não visaria apenas à superioridade nos exercícios atléticos, nem ao desenvolvimento da aspereza e da ferocidade dos soldados. As matérias tradicionais, música e literatura, são aceitas como meios apropriados para educação moral e para o primeiro estádio da educação intelectual.
Todos os cidadãos têm de participar igualmente nessa educação, embora os escravos e os artífices não possam conquistar a cidadania, nem atingir, portanto, a vida superior ou perfeita.
Quanto á educação superior, a fase da educação que constituía um fim em si mesma e  importava no bem para tudo o mais, Aristóteles na deixou dados. O tratado encerra-se aqui abruptamente, ficando em simples menção um problema que Aristóteles, mais do que ninguém, poderia elucidar.
Porém, por suas outras obras, nos cientificamos de que essa educação superior deveria abranger as matemáticas causa do treino em raciocínio dedutivo que proporciona, especialmente a geometria e as duas ciências matemáticas, física e astronomia. Do próprio exemplo de Aristóteles podemos presumir ­que, além disso, incluiria as ciências biológicas e, acima de tudo, a dialética, que compreendia os estudos filosóficos e lógicos amplamente desenvolvidos em sua própria escola.
 Após essa educação teórica e intelectual, ou talvez simul­taneamente, ministrava-se a educação prática em cidadania. Ele inclui dois tipos de atividades, a prática ou executiva teórica ou legislativa e judiciária. O cidadão, por intermédio das atividades práticas, chega às atividades de natureza teórica e dedica a sua vida, cada vez mais, a objetivos puramente, intelectuais. Nessa busca das coisas do espírito, aqueles que se familiarizam com a pura vida do espírito entram no sacerdócio. E assim, gradualmente, a vida prática se transforma na vida "especulativa", e os menores bens evoluem até o supremo bem, ou seja a vida boa, ou a vida perfeita.
As obras: A Ética, a ciência de "bem ser” e A Política, a ciência de "bem fazer", exerceram uma influencia profunda na vida intelectual do homem em todos os períodos  subsequentes. Aristóteles foi o primeiro grande cientista e um grande sistematizador. Na obra Organon (tratado sobre a Lógica), Aristóteles foi primeiro a formular conscientemente as bases para o pensamento científico em qualquer direção da atividade intelectual.
Tão fundamental foi a influência de Aristóteles nesse aspecto que o pensador científico, lhe devem muitos dos mais expressivos termos  da linguagem. Palavras como "fim", indicando o propósito  final ou causa; o termo "causa final", para indicar fim nesse sentido a palavra "forma"; a palavra "matéria", tanto no sentido de substância, quanto no de matéria de estudo, e o termo "material de trabalho'" (do termo correspondente à madeira sobre a trabalha o carpinteiro) como a usamos ainda hoje em educação; palavras tais como "princípio", "máxima", "motivo", "faculdade", "energia", "hábito", "categoria", "meio" e "extremo.  Todas são o resultado de seus esforços para sistematizar o conhecimento.
Mediante a formulação parcial do método indutivo e aplicação do pensamento a novas fases da realidade quase totalmente ignoradas antes do seu tempo, Aristóteles tornou-se o fundador de muitas ciências modernas. Entre aquelas sobre quais escreveu tratados, estão à fisiologia, a mecânica, a filosofia natural ou física em seus princípios mais amplos e a biológica correspondente, a história natural.
Reconhecido universalmente como o maior dos antigos, Aristóteles conservou esta posição suprema até o Renascimento do século xv. Com a escolástica, suas obras passam a constituir a base de todos os estudos e de todas as instituições educativas da Idade Média. Na verdade, pode-se dizer que durante a Idade Média todas as obras seculares, salvo as de Aristóteles e algumas de outros autores baseadas, aliás, direta­mente nas de Aristóteles, ficaram à margem dos interesses humanos.
A influência imediata na Grécia não foi tão fundamental. Sua escola de adeptos, os peripatéticos, não atingiu seu alto nível fez pouco ou nenhum uso da indução e despendeu o tempo em escrever comentários ou interpretações e adaptações inúteis, principalmente sobre tópicos isolados.
 As obras do mestre foram levadas para a Ásia Menor (287 a. C.), onde por cerca de 200 anos estiveram perdidas, até que foram recolhidas e encaminhadas para a Biblioteca de Alexandria e mais tarde para Roma. Traduzido para o árabe, o saber de Aristóteles perpe­tuou-se entre os sarracenos. O estudo de Aristóteles, iniciado a princípio em Bagdá, floresceu mais tarde em todo o império sarraceno, chegando até à Espanha.

Considerações Finais

Após os dados trazidos por essa pesquisa, das discussões travadas podemos tecer algumas considerações a respeito do que representou a educação grega para a civilização ocidental. Num primeiro momento aquele que conseguisse cumprir os requisitos dos vários modelos educacionais que vimos, tanto do período antigo quanto o período novo com a educação ateniense e espartana, estaria pronto para desempenhar a função de cidadão, essa é a principal preocupação em comum de todas as fases da educação grega.
Vimos também que para a execução dessas tarefas da educação deve muito à paideia. Para Aristóteles, por exemplo, tem o dever estrito de legislar sobre a educação, há uma responsabilidade pública de instruir o cidadão, como acontecia na "póleis aristocrática" de Esparta (ARISTÓTELES, Plítica IV, 4-6).
A educação grega além de assumir essa postura de instrução pública do ensino, no sentido de manter a responsabilidade política do Estado, vislumbrava a iniciação à ciência. Aqueles que assumissem por conta própria o estudo das ciências poderia dominar diversas áreas do conhecimento e se destacar na polis, isso significa para Platão (República. VII) uma posição na hierarquia da polis que lhe conferia uma retidão moral proporcional a seu desempenho intelectual.
Tanto em Platão quanto em Aristóteles, vemos uma correlação frente aos domínios de modelos educacionais e o modelo de cidadania devido ao próprio conceito de paideia. Em suma, podemos defender que essas posturas estão ligadas à modelos concebidos e fechados, pois dedicam-se a um ideal de cidadania para servir à polis.
Essa posição talvez tenha custado algumas críticas, ou seja, esses modelos acabavam por atingir apenas os grupos restritos. Citamos aqui apenas o exemplo de Platão e Aristóteles, mas a educação espartana e a ateniense também restringiam-se aos seus cidadão e seus objetivos específicos. Logo, o modelo de educação pública de fato, com o surgimento de escolas surge no período Helenístico.
Esse talvez tenha sido o único ponto que a paideia não contemplou. No período Helenístico, os ginásios e a escola pública se tornam eficazes na prática, como previa os educadores na educação grega, mas não atingiram esse modelo de fato. Foi nessa época que a educação deixa de pertencer às especificidades e torna-se um faceta de regulamentação oficial, Esse  modelo foi atingido com grande efervescência com a educação romana, que historicamente vem após a educação grega.
Contudo, fato é que, como acontece com as obras homéricas Ilíada e Odisseia que integram o cânone da literatura universal, a educação grega como um todo é um grande modelo para a história da educação ocidental. Metaforizando a leitura dessas duas epopeias, é uma maneira de conhecer outras formas de escrita, de humanização, de educação que ainda ecoa em nossa história.

Referências Bibliográficas
ARANHA, Maria lucia Arruda. História da educação e da pedagogia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2011.
FERRARI, Márcio. A pedagogia de Platão. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/platao-307607.shtml Acesso: 28 de setembro de 2012.
MANACORDA, Mário Alighiero. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 4.ed. São Paulo: Cortez Editora, 1989.
MARROU, Henri Irénée. História da educação na antiguidade. 4.ed. São Paulo: E.P.U. Editora Pedagógica e Universitária, Brasília, 1975.
MONROE, Paul. História da educação. 14.ed. São Paulo: Editora Nacional, 1979.
POMBO, Olga. O ensino na academia de Platão. Disponível em: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/academia/academia3.htm Acesso: 28 de setembro de 2012.
REALE, Giovanni. História da filosofia: filosofia pagã antiga, v.1. 5.ed. São Paulo. Paulus, 2011.

 Alunos: André Luiz, Adriana, Dalma, Paulo, Rafael.
Turma do 2º Semestre de Filosofia da Universidade Católica Dom Bosco.





quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Fotos dos membros da sala do segundo semestre de filosofia.

Peço que os alunos do segundo semestre de filosofia da Universidade Católica Dom Bosco me envie fotos de suas férias com depoimentos da mesma, para nos manter informados e matar a saudade.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Luciano Pavarotti

Impulsionados pelas aulas do profº Josemar e atendendo pedidos, d'aqueles que apreciam a musica de Luciano Pavarotti, disponibilizamos aqui o download das suas mais famosas canções e composições, basta clikar nos links abaixo e salvar o arquivo no seu computador.
     Link CD 1
     Link CD 2
Até mais.