terça-feira, 1 de abril de 2014

Ciência e Senso comum segundo Rubens Alves. Acadêmicos: André Luiz e Adriana Benites


O Senso Comum e a Ciência

O cientista virou um “mito”, ou seja, é uma pessoa que pensa melhor do que qualquer outro indivíduo, prova disso é que se fecharmos os olhos para pensar em um cientista, teremos diversas imagens de autoridades do saber (Rubens Alves, 1981. p.07). Isso tudo, são imagens mostradas pela televisão e outros tipos de meios de informações midiáticas, que de certo modo nos coloca como inferiores aos cientistas. Em outras palavras, os cientistas fazem parte de uma classe, “que supostamente existe”, especializada em pensar de maneira correta, sendo que todos os outros indivíduos são liberados da obrigação de fazê-lo. Sendo assim, o que nos resta é simplesmente fazer o que os pais dos saberes, os cientistas, nos mandam.
Na sua tese de 1981, Rubens Alves, nos convida a acabar com o mito de que os cientistas são pessoas que pensam melhor do que as outras, pois todo mito é perigoso, já que ele induz o comportamento e inibe o pensamento. Segundo Alves, deve-se atentar para o que a ciência mostra, pois o que ela revela como certezas são apenas pequenos fragmentos do real que são estudados, tão somente isso.  Seria como se todos tivessem uma janela pela qual pudessem ver o mundo, e tivesse algumas pessoas que de sua janela vesse melhor a árvore que está longe da outra janela. Resumindo, os cientistas são especialistas de uma única técnica, reduzem o mundo, o real, em apenas um pequeno fragmento da área que ele se especializou, assim como o pianista, que se especializa em uma única técnica.
A ciência não é uma novidade do ser humano, um órgão novo de conhecimento, mas sim uma potencializadora das extensões do real fragmentado, uma especialização, um refinamento de potenciais comuns a todos, ou seja, uma hipertrofia de capacidades que todos possuem (Rubens Alves, 1981. p.09). Ela não consegue ter uma visão ampla das outras áreas em sua volta, foca tão somente no seu pequeno fragmento retirado do senso comum.
A ciência é um processo de desenvolvimento constante e progressivo do senso comum, ou seja, depende totalmente deste. Assim, através de técnicas mais rigorosas que o senso comum não possui, ela consegue ir mais fundo em seus estudos. Sem o senso comum a ciência não poderia existir, apesar dela menosprezá-lo, dando este nome com o significado de que ele está abaixo de seu nível, pode-se afirmar que só se pode ensinar e aprender partindo do senso comum que possuímos, nos afirma Rubens Alves.
A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de que o aprendiz dispõe. A aprendizagem consiste na manutenção e modificação de capacidades ou habilidades já possuídas pelo aprendiz. (Rubens Alves, 1981. p. 09)
O que a ciência faz é explicar o real de maneira precisa, formal. Ela observa, aperfeiçoa e sofistica o senso comum, mediante suas tecnologias avançadas.
Tanto para a ciência como para o senso comum, ser bom é ser capaz de inventar novas soluções para novos problemas, criar coisas novas a partir das coisas velhas. A base tanto da ciência como do senso comum, consiste em compreender o mundo a fim de viver e sobreviver melhor, ou seja, são as mesmas. Porém, o mundo sobreviveu cerca de quatro séculos sem algo que se assemelha a ciência de hoje, e com esta, que se diz superior ao senso comum, com seus avanços, estamos correndo sérios riscos de sobrevivência (Rubens Alves, 1981. p.16).
            No senso comum vemos sobre, o que não é problemático não é pensado, ou seja, é a partir de um problema que o pensamento é forçado a trabalhar. Quando as coisas não vão bem, ou quando alguma coisa incomoda é que o pensamento entra em ação, assim, todo pensamento começa com um problema e quem não é capaz de perceber e formular problemas com clareza não pode fazer ciência, (Rubens Alves, 1981. p.18).
Para Alves (1981), as pessoas tem o poder de imaginar o real em suas mentes. Este poder mágico do pensamento de simular o real, antes das coisas acontecerem, por causa da existência de uma ordem na natureza, permite o levantamento de previsões, hipóteses. O espanto perante a ordem é a primeira inspiração da ciência. Quando um cientista enuncia uma lei ou teoria, ele está apenas contando como funciona a ordem. Sempre procede-se de maneira ordenada, pois se pressupõe que haja ordem. Se não houver ordem não há problemas a serem resolvidos, já que o problema é construir uma ordem ainda invisível de uma desordem visível e imediata.
O problema é descobrir uma ordem, que se pressupõe que exista. Dessa forma é que se começa a entregar a um problema que julgamos poder resolver com os recursos dos quais dispomos. Um problema só pode ser considerado problema, se produzir perplexidade e incômodo a alguém. A primeira tarefa que se tem diante de um problema é ver o problema com clareza, que não é a mesma coisa que dizer com clareza, mas, possuem uma intima relação, pois só diz com clareza quem vê com clareza. Dizer com clareza é a marca do entendimento, da compreensão, é indicar as partes que o problema se compõe. É esse procedimento que se dá o nome de análise, sem essa não pode resolver nenhum problema, pois é inútil, tolo tentar responder uma questão que você não entende (Rubens Alves, 1981. p.26).
Diante de um problema deve-se tomar decisões inteligentes, que segue o caminho inverso da ação. Começando de onde se deseja chegar, evita-se o comportamento errático e desordenado a que se dá o nome de “tentativa e erro” (Rubens Alves, 1981. p.27).
“O sábio começa no fim; o tolo termina no começo” por mais que pareça estranho, pode-se raciocinar como se o fim fosse o ponto aonde se deseja chegar, se ainda não se chegou lá, não posso saber como será, mas o fato é tão somente por ter pensado o fim que posso procurar o que falta para completa-lo (Rubens Alves, 1981. p.27).





REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ALVES, Rubens. FILOSOFIA DA CIÊNCIA. Introdução ao jogo e suas regras. Ed. Loyola. p. 07-27, 1977.





Nenhum comentário:

Postar um comentário